Complexo Mascarenhas


Fachada principal do Centro Cultural Bernardo Mascarenhas.


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A história de Juiz de Fora é marcada pelo grande desenvolvimento industrial do final do século XIX e início do século XX, associado a importantes projetos realizados por pessoas que ajudaram a definir algumas características da cidade. Um exemplo é o empresário Bernardo Mascarenhas, nascido em 1847 e falecido em 1899, aos 52 anos.
Bernardo Mascarenhas teve uma vida curta, mas muito produtiva. Conhecido como pioneiro e empreendedor, construiu usinas hidrelétricas que iluminaram Juiz de Fora e Belo Horizonte, fornecendo energia para as indústrias que ele e outros fundaram em Minas Gerais. A ideia de criar a primeira fábrica de tecidos movida a energia hidráulica em Minas surgiu em 1865. Em 1888, a tecelagem de Bernardo Mascarenhas iniciou suas atividades em Juiz de Fora e começou a funcionar com sessenta teares ingleses. No mesmo ano, o empresário obteve os investimentos necessários para formar a Companhia Mineira de Eletricidade, que inaugurou o sistema de energia elétrica da cidade em 1889.
O Complexo Hidrelétrico de Marmelos foi o primeiro grande parque gerador de energia do Brasil e da América do Sul, onde funcionou a Usina de Marmelos Zero, que fornecia energia para a fábrica têxtil de Bernardo Mascarenhas e modernizou a iluminação pública de Juiz de Fora, antes feita com lamparinas. A usina pioneira operou até 1896 e, em meados dos anos de 1980, foi transformada em museu.
A localização escolhida para construir a tecelagem foi um terreno perto das estações ferroviárias da Estrada de Ferro Leopoldina (hoje Museu Ferroviário) e da Estrada de Ferro D. Pedro II (antiga Estação Ferroviária de Juiz de Fora), próximo ao Rio Paraibuna. A instalação da fábrica na região reforçou o crescimento iniciado com a construção da Rodovia União e Indústria, transformando o local numa “porta de entrada” da cidade, onde estavam os primeiros edifícios públicos. Mais tarde, a área recebeu a Alfândega Ferroviária, a Companhia Mineira de Eletricidade e outras construções relacionadas ao setor industrial.
Projetada pelo arquiteto L. Sue, a edificação da Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas é, ainda hoje, um destaque em Juiz de Fora. Apresenta uma rigorosa simetria, com um corpo central de três pavimentos, coroado por frontões retos e ladeado por alas horizontais de dois pavimentos. Os outros blocos seguem a mesma orientação construtiva, com tijolos aparentes no estilo das fábricas inglesas.
Em agosto de 1898, a tecelagem já tinha cerca de 150 trabalhadores, a maioria jovens brasileiras, espanholas e italianas, segundo os antigos jornais O Pharol e Jornal do Commercio. O centro de Juiz de Fora parecia uma típica cidade industrial capitalista, e a arquitetura inglesa do prédio da fábrica se destacava entre construções mais simples, muitas delas convertidas em cortiços para abrigar famílias numerosas. Para evitar a miséria e a fama de vadios, essas pessoas trabalhavam até 16 horas por dia, por salários muito baixos, seja no comércio, em obras, oficinas ou fábricas.
Após a morte de Bernardo Mascarenhas em 1899, seu genro, Agenor Barbosa, assumiu a gerência da fábrica e expandiu suas instalações. A tecelagem passou por uma nova fase de modernização e expansão em 1916 e, no início dos anos 1920, as obras de ampliação e remodelação estavam quase concluídas.
A fábrica não resistiu às mudanças políticas e econômicas do Brasil e fechou em 14 de janeiro de 1984. Para pagar dívidas ao Estado de Minas Gerais e à União, foi cedido o terreno de 10.450 m², com uma área coberta de aproximadamente 7.000 m².
Nos anos 1980, uma campanha chamada “Mascarenhas, meu amor!” reuniu artistas, jornalistas e intelectuais para transformar o espaço da velha fábrica em um centro cultural, considerado o mais ousado projeto cultural de Minas Gerais na época. A Prefeitura de Juiz de Fora iniciou o processo de tombamento do prédio em 1982, finalizado em 19 de janeiro de 1983. Entre 1983 e 1987, o município negociou a compra das instalações, que foram restauradas entre 1997 e 2000 para abrigar o Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM) e o Mercado Municipal, mantendo suas características arquitetônicas originais.
O CCBM é aberto à visitação pública e utilizado para manifestações artísticas, com galerias de arte, anfiteatro, videoteca, salas de aula e corredores para eventos. O Mercado Municipal, localizado no prédio anexo, foi totalmente reformulado e oferece espaços de comercialização em diversos segmentos, contando com área gastronômica, praça de alimentação completa e centro de artesanato, além de um espaço dedicado à cultura, com centro audiovisual e salas de exposições.
Aberta ao público em geral, a Biblioteca Municipal Murilo Mendes passou por diversas sedes até que, em 1996, instalou-se definitivamente no complexo arquitetônico do Mercado Municipal, ao lado do Centro Cultural Bernardo Mascarenhas. A biblioteca dispõe de um expressivo acervo de livros, jornais e revistas, formado basicamente por doações da comunidade.
A Praça Antônio Carlos, inaugurada em 1860 e remodelada em 2023, é uma extensão do espaço arquitetônico do local. Feita para suportar eventos e veículos pesados, a praça possui um palco para apresentações e recebe, toda quarta-feira à noite, a Feira Noturna da cidade.
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Textos de referência:
DIVISÃO DE PATRIMÔNIO CULTURAL DA PREFEITURA DE JUIZ DE FORA. Guia dos Bens Tombados de Juiz de Fora. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 2002.
FUNALFA – Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage. Memória da Urbe – Bens Tombados. Juiz de Fora: FUNALFA Edições, 2004.
g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2025/04/10/mercado-municipal-e-reinaugurado-em-juiz-de-fora-confira-atrativos-e-saiba-como-sera-o-funcionamento.ghtml (abre em outra página)
geocenterconsultoria.com.br/2019/09/29/primeira-usina-hidreletrica-da-america-latina-completa-130-anos (abre em outra página)
jfpatrimonio.com.br (abre em outra página)
lehmt.org/lugares-de-memoria-dos-trabalhadores-69-fabrica-de-fiacao-e-tecelagem-bernardo-mascarenhas-juiz-de-fora-mg-luis-eduardo-de-oliveira (abre em outra página)
pioneiros.fea.usp.br/bernardo-mascarenhas (abre em outra página)
pjf.mg.gov.br/administracao_indireta/funalfa/bmmm/acervo.php (abre em outra página)
pjf.mg.gov.br/administracao_indireta/funalfa/bmmm/informacoes.php (abre em outra página)
pjf.mg.gov.br/administracao_indireta/funalfa/ccbm/historico.php (abre em outra página)
pjf.mg.gov.br/administracao_indireta/funalfa/ccbm/index.php (abre em outra página)
teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18142/tde-10092007-133334/publico/01.pdf (abre em outra página)
Informações úteis:
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O Centro Cultural Bernardo Mascarenhas – CCBM está localizado na Avenida Getúlio Vargas, número 200, Centro e, juntamente com a Praça Antônio Carlos, a Biblioteca Municipal e o Mercado Municipal, constituem o Complexo Mascarenhas.
O número de telefone da recepção do CCBM é (32) 3239-5864, e o da supervisão responsável pelo espaço é (32) 3239-5524.
Os e-mails para contato são:
espaços.funalfa@gmail.com (abre em outra página) e
ccbmjf@gmail.com (abre em outra página).
A página da internet
pjf.mg.gov.br/administracao_indireta/funalfa/ccbm (abre em outra página) apresenta informações sobre o CCBM.
Com acesso gratuito e aberto para a visitação de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, o local possui, no primeiro piso, as galerias de arte Celina Bracher, Heitor de Alencar e Narcisse Szymanowski, a Sala de Teatro Flávio Márcio, salas de aula, ateliês e corredores para eventos e exposições, com bebedouros e sanitários acessíveis. No segundo piso encontra-se a videoteca, com capacidade para cerca de 80 pessoas, e a maior das galerias do CCBM, a Arlindo Daibert, além dos sanitários. O terceiro pavimento é chamado de “castelinho”, com capacidade para 30 pessoas.
Atualmente, os espaços das galerias encontram-se fechados para a visitação e os demais ambientes são utilizados para ensaios de atividades artísticas, cursos, oficinas, palestras, reuniões e workshops, com apresentações de teatro, exposições e shows musicais oferecidos gratuitamente à população. O local possui rampa e elevador para pessoas com dificuldade de locomoção.
A Biblioteca Municipal é aberta ao público em geral e permite o empréstimo de livros para pessoas residentes na cidade. As obras disponíveis estão no Setor Infantojuvenil e no Setor de Empréstimo Domiciliar. Em anexo ao Setor de Empréstimo, estão as obras em braile, com diversos livros de literatura e música, entre outros, também disponíveis para leitura e empréstimo domiciliar. O acervo dos demais setores é destinado à pesquisa na biblioteca. No Setor de Memória, é permitido o uso de câmera fotográfica (sem flash) para reprodução de conteúdo das obras.
A Praça Antônio Carlos possui um palco para apresentações promovidas pelos diversos eventos ocorridos no local, que abriga, toda quarta-feira, a Feira Noturna da cidade.
O Mercado Municipal, com entradas pela Praça Antônio Carlos e Rua Doutor Paulo Frontin, número 170, possui uma estrutura moderna que dispõe, no primeiro piso, de bares, restaurantes, lanchonetes, hortifruti, grãos, sementes, temperos e especiarias, produtos naturais, empreendimentos da agricultura familiar, açougue, peixaria, laticínios, adega, massas, quitandas, embalagens e floriculturas, além do Centro de Referência do Artesanato, com diversos expositores. O segundo piso abriga uma área gastronômica com bares, lanchonetes e restaurantes, além da Galeria Nívea Bracher e do Mercado Cultural Mc Aice. O local oferece acessibilidade, com pisos táteis, elevador e sanitários adaptados.
Ponto de encontro para moradores e turistas, o espaço apresenta uma programação cultural regular, com música ao vivo, cinema, apresentações artísticas e exposições. Bares e restaurantes do Mercado Municipal funcionam todos os dias, inclusive aos fins de semana e feriados, das 10h às 22h. Já o comércio em geral, funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h e, nos finais de semana e feriados, das 8h às 13h. O Mercado Cultural Mc Aice possui programação de terça-feira a domingo disponibilizada no Instagram:
instagram.com/mercadomunicipaljf (abre em outra página).

